Crítica: Interestelar


quarta-feira, 26 de novembro de 2014



Alguns diretores já carregam em seu nome potencial suficiente para que esperemos ver um bom filme. Depois do genial A Origem e de apresentar uma nova perspectiva na trilogia de Batman, Christopher Nolan aborda a exploração espacial em seu mais novo e aclamado filme, Interestelar, trazendo reflexões sobre a humanidade em uma ótima ficção científica.



Quando os humanos já devastaram o planeta e a sociedade regrediu a um sistema agrário, onde se passa fome e não há perspectiva de um futuro, o ex-piloto de testes Cooper decifra a mensagem de um fantasma tentando se comunicar com sua filha – nada mais que uma anomalia gravitacional – e descobre uma instalação secreta da NASA, liderada pelo professor Brand. Na busca de alternativas para evitar a extinção humana, os cientistas descobriram um buraco de minhoca na órbita de Saturno, permitindo a exploração de novos planetas a fim de encontrar um habitável para o ser humano. Assim, mesmo magoando sua filha mais nova, Murphy, Cooper despede-se de seus dois filhos e embarca na nave Endurance pelos três planetas possivelmente habitáveis, mas deve lidar com difíceis decisões, perigos espaciais e principalmente, a relatividade do tempo.



Não é a toa que Interestelar tem sido elogiado pela crítica: todo o filme é impecável e muitíssimo bem feito. Com trilha sonora de Hans Zimmers e diferentes técnicas de filmagem, o filme expõe a exploração espacial tripulada de forma clara e interessante, nos fazendo participar daquela atmosfera. Os efeitos visuais são muito convincentes e a representação do buraco de minhoca parece ser bastante fiel, aliás, Interestelar teve a colaboração do físico teórico Kip Thorne, cujo trabalho deu embasamento científico ao filme. Por conta disso, a “ficção científica” de Interestelar é bastante acurada e no decorrer do filme somos apresentados aos conceitos que desencadeiam determinadas situações, o que pode ser cansativo, porém fundamental para a compreensão do roteiro.



Além da nave, buracos de minhoca, horizontes de evento e outros elementos da ficção científica, um dos aspectos também origina um dilema tratado de forma incrivelmente humana: a teoria da relatividade. Resumindo, devido à relatividade o tempo na Terra passe de modo diferente que o do espaço, o que faz o protagonista não acompanhar o crescimento dos filhos e traz aquele medo e vontade de voltar para o seu planeta. Achei muito interessante a reflexão que o filme faz nesse sentido e a atuação de Matthew McConaughey contribuiu para esse sentimento, sendo elogiável. Sendo assim, não é só a exploração espacial e o difícil dilema entre privilegiar seus conhecidos ou toda a humanidade humana (e que dilema!) que são apresentados no filme, mas solidão, medo, a passagem do tempo e aquilo que realmente nos faz humanos, a nossa essência.



Mesmo que os 169 minutos de duração e o final ‘mind blowing’ incomodem algumas pessoas, Interestelar ultrapassa a esfera do ‘bom’ e consegue explorar um tema por si só interessante através de um roteiro envolvente e de indiscutível competência técnica. É um filme inteligente, primoroso, com boas atuações e rigor em todos os aspectos. Sendo assim, Interestelar não é o melhor filme sobre exploração especial, mas é obrigatório para os apreciadores do gênero.

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5 comentários

  1. Eu achei o timelapse do filme genial. GENIAL! A passagem do tempo ser diferente em um outro PLANETA e como isso não afeta os astronautas é algo que realmente me intriga muito. O pai voltando a ver a filha, a qual está *fisicamente* mais velha? Muito interessante mesmo.

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  2. Eu gostei muito do filme, mas algumas parte deixou a desejar.. hahahahahah mas a ideia, a historia é maravilhosa =D

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  3. Eu vi agora o trailer desse filme e já me interessei bastante por ele, curto muito filmes nesse tema e pela sua crítica ele parece ser bom, já quero assistir ♥

    Beijos
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  4. Eu fui assistir esse filme meio sem expectativas... Me decepcionei bastante com as ficções científicas que vi recentemente. Parece que todas elas estão mais interessadas em resolver os problemas amorosos dos personagens do que explorar de fato o tema do filme.
    Interestellar foi beeem surpreendente pra mim! Gostei demais da conta. Embora o amor tenha um papel fundamental na história, acho que não deixa a desejar em nada no tema que escolheram tratar. Fora que foram originais demais na criação desses espaços e dimensões que a gente sempre lê, conversa, ouve falar, mas acho que foi a primeira vez que vi de fato materializados.
    Foi um dos melhores do ano, sem dúvida!
    :*

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  5. Tinha assistido o trailler e já tinha ficado com vontade de assistir, mas não imaginava que teria aquela questão do tempo passar de forma diferente, achei muito interessante e me deu ainda mais vontade de assistir. Matthew McConaughey é muito bom, não é a toa que ele levou um oscar (apesar de achar que o Leo di Caprio merecia mais)...

    Bjos
    JuJu
    asbesteirasquemecontam.blogspot.com.br

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