Resenha: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada


quarta-feira, 4 de julho de 2018

Quando o mundo soube que Harry Potter, aclamada série de livros escritos por J.K Rowling, receberia uma continuação oficial, os fãs se dividiram entre os que receberam alegremente a notícia e os que desconfiaram, vez que Harry Potter é uma história construída com início, meio e fim e talvez não fosse recomendado apresentar o futuro dos personagens. Essa continuação veio em formato da peça de teatro Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, que se passa dezenove anos depois dos acontecimentos do último livro.

Resenha livro Harry Potter Criança Amaldiçoada
Título: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada
Autora: J.K Rowling
Editora: Rocco
Páginas: 352 páginas
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Harry Potter e a Criança Amaldiçoada é uma aventura protagonizada por Alvo Severo Potter, um sonserino que, ao contrário de Harry Potter, o pai famoso, não tem nada de especial. Não é bom no Quadribol, não tem uma história interessante e seu único amigo é ninguém menos que Escórpio Malfoy, que sofre com os boatos de ser filho de Lord Voldemort. Quando Amos Diggory procura Harry Potter alegando que sabe da existência de um vira-tempo escondido e implora para que Harry volte no tempo salvar Cedrico, Harry, agora um importante auror, diz não ser possível, mas Alvo e Scorpio resolvem realizar esse desejo e contam com a ajuda da bruxa Elly, prima de Cedrico, para voltar no tempo e salvar o rapaz. Porém, voltar no tempo é perigoso e as coisas nunca ocorrem do jeito esperado, de modo que Alvo e Escórpio "constroem" futuros diferentes, desde a um que Hermione é uma professora mal-humorada, a um futuro que novamente a comunidade bruxa está em perigo.

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Por se tratar de uma peça de teatro, o roteiro procura, no menor tempo possível, proporcionar uma imersão no mundo mágico, revisitando lugares especiais e personagens queridas no coração dos fãs, por vezes apresentando como eram de verdade no tempo de Hogwarts ou o que aconteceram com eles, dando uma bem-vinda sensação de nostalgia e certa alegria ao descobrirmos que Hermione Granger se tornou Ministra da Magia, por exemplo. O roteiro também aborda o conflito entre pai e filho à medida que Alvo Severo parece não atender às expectativas de Harry Potter que, por sua vez, tem uma personalidade bastante intransigente que não condiz de forma alguma com o Harry Potter que protagonizou a saga de sete livros. E então, quando o leitor percebe que a personalidade das personagens e a própria história é alterada para satisfazer às necessidades da peça, começa a se questionar se realmente era necessária uma continuação.

Para abranger o maior número de aspectos mágicos possíveis em uma obra de curta duração, o roteiro fez uso do "vira-tempo", que permite aos usuários viajar no tempo e, assim, a história intercalava o "passado" com o presente, demonstrando as realidades alteradas. Ora, acontece que o roteiro é muito raso e o próprio argumento para viagem no tempo - salvar Cedrico Diggory, depois de mais de vinte anos após a morte do rapaz - é bastante irrazoável. O pior, contudo, não é nem A Criança Amaldiçoada ser fraco em si, mas as alterações que maculam toda a história meticulosamente construída em sete livros do Harry Potter. Francamente, não há como crer no boato de que Voldemort teve um filho e a revelação final beira ao absurdo. O próprio Harry Potter afastou-se muito do que costumava ser (além de ter se tornado uma personagem bastante chata) e, verdade seja dita, há fanfictions muito mais interessantes do que a história bobinha criada para ser a "continuação de Harry Potter".

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Francamente, Harry Potter e a Criança Amaldiçoada não faz sentido nenhum e eu me recuso a considerar como uma continuação oficial quando eu mesma poderia ter escrito algo muito melhor. É claro que eu teria adorado assistir à peça e que a mesma deve ter resgatado a nostalgia que sentimos de Harry Potter e proporcionado um bom retorno ao mundo mágico. Acontece que a história é ruim. Não se trata do roteiro ser diferente da peça, da sensação ser diferente ou mesmo da história "não funcionar como livro". Também não se trata de dizer que é "inferior à Harry Potter", mas sim, que é totalmente fora do contexto. Independentemente da mídia, Harry Potter e a Criança Amaldiçoada está em completa dissonância com o restante da saga e seria melhor simplesmente ignorarmos sua existência.

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