Resenha: O Diário de Anne Frank


sexta-feira, 16 de abril de 2021

Dentre os tantos relatos assustadores da Segunda Guerra Mundial, um dos mais famosos registros é o Diário de Anne Frank, no qual a garota judia Anne Frank descreveu com precisão o esconderijo em que ela e sua família viveram, desde dificuldades de convívio até aspectos práticos sobre o confinamento. O que nem todos os comentários deixam transparecer é o quão emocionante e inspirador é esse relato, sendo uma leitura significativa não apenas para compreender melhor este período, mas refletir sobre amadurecimento e esperança.

resenha do livro O Diário de Anne Frank


O Diário de Anne Frank foi iniciado em 12 de junho de 1942 por Annelies Marie Frank pouco antes de sua família se esconder em um anexo secreto no escritório do pai de Anne, em Anne Frank. Seus pais, sua irmã, o doutor Albert Dussel e a família van Daan, ao todo oito judeus, permaneceram confinados até 04 de agosto de 1944, quando agentes da Gestapo descobriram o Anexo, separaram seus integrantes e os levaram para campos de concentração. Em seu Diário, Anne conta detalhadamente sobre a estrutura do Anexo, as situações vivenciadas, as opiniões políticas sobre os adultos, as notícias que chegavam sobre a Guerra, a ajuda que eles receberam e a tristeza em saber que nem todos os judeus tinham a "sorte" de se esconderem. No diário, constam as tristezas e alegrias de Anne Frank, seus alívios e preocupações, demonstrando como era o cotidiano dos judeus que se esconderam e lutaram bravamente para sobreviver ao Holocausto.

Antes da guerra, Anne Frank era uma menina feliz: descreve-se a si mesma como "namoradeira", conta fatos engraçados sobre a escola, fala sobre suas ambições e o que gosta de fazer. Assim sendo, o livro começa de um jeito bastante juvenil e, no início, os principais problemas são causados pela dificuldade na convivência com seus pais e seus vizinhos. Aos poucos, Anne nos apresenta um relato bastante detalhado do lugar em que viviam, das condições precárias, do racionamento de comida e das poucas notícias que tinham sobre a guerra lá fora. E, mesmo com todos os infortúnios, Anne Frank continuava com suas leituras, com seus estudos por correspondência, com sua prática de novos idiomas, reconhecendo como era privilegiada em relação aos judeus nos campos de concentração e sonhando com o dia em que acabaria a guerra e poderia viver sua vida intensamente, sem os limites impostos pelo Anexo Secreto. Ora, se Anne Frank conseguia tirar proveito naquela triste condição e ansiava pelo fim da guerra, por que nós, seja por qual motivo for, haveríamos de perder a esperança?

É incrível como os relatos de Anne Frank são profundos, sinceros e, ainda assim, extremamente bem escritos. Anne Frank descreveu sobre a guerra, a rotina no Anexo Secreto, a passagem para a adolescência, os problemas com a família, o que esperar do futuro, sobre como ela era vista pelo mundo e como ela via a si mesma. São dúvidas e questionamentos inerentes a qualquer menina de treze, quatorze anos, mas demonstrando um amadurecimento e uma vivência que impressionam justamente pelo fato de Anne ter se desenvolvido tanto durante a guerra, nos dois anos em que permaneceu escondida. Anne Frank tinha uma personalidade forte e sabia disso. Era inquieta, questionadora, sabichona e tinha consciência de todas as suas qualidades e defeitos, tanto que, se nos primeiros capítulos despeja sua raiva contra o mundo e se mostra incompreendida, ao final compreende que também é importante questionar a si mesma e, todos os dias, descobrir no que se pode melhorar.

resenha do livro O Diário de Anne Frank


O destino de Anne Frank é triste: o Anexo Secreto foi denunciado e Anne foi levada para o campo de concentração de Auschwitz, onde morreu quando tinha quinze anos. No entanto, Anne Frank permanece viva em seu Diário, tendo como legado não só um relato preciso sobre o esconderijo de sua família como também as dúvidas e anseios de uma pessoa tal qual eu e você, dando um "rosto" aos milhares de judeus que não escreviam diários, mas tinham suas vidas, suas personalidades, suas esperanças. Não se trata de um estudo sobre a segunda guerra, ou uma biografia "construída", mas sim, das lembranças e pensamentos escritos pela própria Anne Frank, que nos leva a refletir sobre a vida e a forma com que encaramos o mundo, demonstrando ser possível encontrar esperança mesmo nas horas mais sombrias.

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