"A classic," suggested Anthony, "is a successful book that has survived the reaction of the next period or generation. Then it's safe, like a style in architecture or furniture. It's acquired a picturesque dignity to take the place of its fashion...."
A citação acima, sugerindo que um clássico é um “livro que sobreviveu à reação da próxima geração”, bem se aplica a todos os livros de F. Scott. Fitzgerald, representante da “geração perdida” e um dos maiores autores do século XX. Neste nono #Book Challenge, escolhi o intenso The Beautiful and Damned, retrato dessa geração e do próprio autor.

Título: The Beautiful and Damned (Belos e Malditos)
Autora: F. Scott. Fitzgerald
Editora: Collector's Library
Páginas: 496 páginas
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The Beautiful and Damned (Belos e Malditos) é um livro dividido em três partes (“The Pleasant Absurdity of Things”, “The Romantic Bitterness of Things” e “The Ironic Tragedy of Things”) descrevendo a vida do casal Anthony Patch e Gloria desde que se conheceram, quando ele tinha vinte e cinco anos, até os trinta e três. Neste período, é retratado o casamento dos protagonistas, o forte romance inicial, as festas extravagantes, os conflitos fúteis, os problemas financeiros, o alcoolismo e a decadência, em uma fascinante narrativa.

Nunca houve um título tão apropriado para uma obra. Os personagens iniciam a obra com uma boa vida, um romance intenso e um mundo de oportunidades pela frente, mas a falta de determinação e a futilidade que experimentam resultam no completo declínio dos personagens. No início, Anthony era um estudante de Harvard inteligente e educado, mas por considerar-se acima dos demais e confiar cegamente em si mesmo, nunca quis trabalhar e apenas fez gastar o dinheiro do seu avô. Quanto a Gloria, moça fútil cuja única qualidade era a estonteante beleza, esta foi roubada pela idade, de modo que a moça não pode realizar o “sonho” de ser atriz.
"Blowing bubbles -that's what we're doing, Anthony and me. And we blew such beautiful ones today, and they'll explode and then we'll blow more and more, I guess - bubbles just as big and just as beautiful, until all the soap and water is used up."
É interessante ver como Fitzgerald constrói e desconstrói os personagens em todos os aspectos. Por mais fúteis que Anthony e Gloria sejam, nos interessamos por aquele relacionamento e pelos diálogos dos personagens, para depois nos decepcionarmos com as discussões, mas surpreendentemente, não estranharmos o comportamento impulsivo e mesquinho tomados, porque já estamos envoltos naquele universo. É incrível como personagens tão egoístas, gananciosos, inúteis e até mesmo perversos podem nos gerar alguma compaixão.

Belos e Malditos é mais que um simples romance ou o retrato, talvez, do próprio Scott e Zelda Fitzgerald: é uma obra profunda que nos faz refletir sobre a influência da ganância, do excesso e do descontrole em nossas vidas, seja nas relações familiares, num âmbito profissional, financeiro, em todas as esferas. Quando iniciei a leitura, o fiz apenas pelo estigma positivo de Fitzgerald, mas encontrei uma obra tão intensa quanto O Grande Gatsby, só que com um curioso sabor agridoce.
sábado, 27 de dezembro de 2014