Book Challenge #12: Frankenstein


terça-feira, 3 de março de 2015

Algumas histórias tem uma origem tão pitoresca que a própria gênese merece ser contada. Com a erupção do Monte Tambora e bloqueio da luz solar pelas partículas de poeira, em 1816 o hemisfério norte ficou sem verão. Nesse clima hostil, quatro escritores (Percy Shelley, Mary Shelley, Lord Byron e John Polodori) ficaram confinados em um ambiente fechado lendo histórias de terror, e foi a partir de um desafio que Mary Shelley – na época, Mary Godwin – escreveu a obra Frankenstein, publicada em 1818.

Resenha livro Frankenstein
Título: Frankenstein
Autora: Mary Shelley
Editora: Collector's Library
Páginas: 280 páginas
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Frankenstein, or, de Modern Prometheu (Frankenstein, ou, o Moderno Prometheu) é um romance epistolar em que Victor Frankenstein conta ao capitão Walton sobre sua infância, estudos de alquimia e as mais modernas ciências sociais, de modo que, envolvido com o estudo e fascinado com a possibilidade de gerar vida, abandona seus amigos e família em prol da sua criação, que acaba por ser rejeitada e repugnada devido a sua aparência monstruosa. Frankenstein fica gravemente enfermo e é cuidado por seu amigo Clerval nesse período, mas após a notícia do assassinato de seu irmão caçula, Frankenstein se sente terrivelmente culpado por ter criado o monstro, o que resulta em sua destruição física e moral, e na tentativa de ‘reparar o erro’.

Quando pensamos em Frankenstein como o monstro repugnante que está no imaginário popular, dificilmente refletimos que sua história vai além do confronto criador x criatura e modificação da natureza, pois abrange também temas como rejeição, solidão, injustiça e preconceito. Durante grande parte do livro, ouvimos Victor Frankenstein lamentar a existência da criatura – que nem nome tem -, rechaçamos sua aparência e a atrocidade cometida por ela, mas, quando lhe é dada a vez de falar, entendemos que a criatura é realmente uma ‘criação’: é um reflexo do modo com que a sociedade lhe tratou julgando-a um monstro por causa da sua aparência. Ora, não é difícil se tornar um monstro quando a vida inteira é assim tratado.

Resenha livro Frankenstein


A história de Frankenstein – profunda e filosófica – é resultado de todas as características que compõe o romance gótico (mistério, melodrama, reflexões sobre o poder e criação) mescladas com o espírito de avanço científico que impregnava a sociedade da época, resultando em um dos primeiros exemplares da ficção científica. Mesmo que a palavra “monstro” seja constantemente associada ao sobrenatural e de fato, um clima de terror impregne a obra, a própria criação de Frankenstein é explicada cientificamente e também aborda as consequências do poder criativo nas mãos humanas. Da mesma forma que apresenta esses questionamentos, Frankenstein também disserta sobre a grandiosidade da Natureza, no momento em que um personagem mostra-se maravilhado com as paisagens naturais da Europa.

Se Frankenstein é um conto trágico, melancólico e intenso, grande expoente da literatura gótica e precursor da ficção científica, também é uma das obras literárias mais adaptadas para o cinema e outras mídias, o que confirma que a narrativa também tem grande força de entretenimento e sua história e reflexões permanecem atuais até hoje.

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Book Challenge #11: The Island of Dr. Moreau


sábado, 31 de janeiro de 2015

Desde que comecei o #Book Challenge, me encantei pelas obras de ficção científica de H. G. Wells, como A Máquina do Tempo e O Homem Invisível. Neste décimo primeiro mês, o livro escolhido foi The Island do Dr. Moreau (A Ilha do Dr. Moreau), uma curiosa ilha lar de estranhas criaturas.

resenha livro A Ilha do Dr. Moreau
Título: The Island of Dr. Moreau (A Ilha do Dr. Moreau)
Autor: H. G. Wells
Editora: Penguin Random House
Páginas: 240 páginas
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Edward Pendrick é um biólogo inglês que, depois de naufragar, é salvo por um homem chamado Montgomery, cujo navio carrega diversos animais para uma ilha do Havaí. Trata-se da ‘Ilha do Dr. Moreau’, um fisiologista afastado da comunidade científica londrina por causa de seus grotescos experimentos com vivissecção. Pendrick descobre que tais experimentos ainda são realizados na Ilha, habitada também pelo Beast People (“povo fera”). A princípio horrorizado, Pendrick reflete sobre os motivos apresentados pelo Dr. Moreau na realização dos experimentos e passa a conviver com os híbridos de animais, que vivem sobre a influência “Da Lei”, temem voltar para a Casa da Dor e são proibidos de provar sangue ou andar em quatro patas – mas à medida que o tempo passa, os “animais” vão perdendo cada vez mais sua “humanidade”.

Assim como nos outros livros do autor, as experiências relatadas em A Ilha de Dr. Moreau tem um fulcro científico, nos sendo explicados os procedimentos da vivissecção de animais. A abordagem desse tema incentivou a criação da ‘British Union for the Abolition of Vivisection’, em 1898, e uma discussão maior no que tange a experimentos com animais, que persiste até hoje se pensarmos na polêmica quanto ao uso deles em testes de cosméticos, por exemplo. Também no livro o personagem Petrick se questiona não apenas às torturas sob as quais os animais são submetidos durante tal procedimento, mas as consequências, visto que não são humanos, porém não podem seguir seus instintos animalescos, vivendo com medo e sob as regras de um endeusado Dr. Moreau.

A atmosfera de A Ilha do Dr. Moreau é bastante densa e constitui um verdadeiro thriller, visto que ficamos angustiados com as criaturas feitas pelo Dr. Moreau e ansiosos como Edward Pendrick lidará com a situação, se será submetido a experimentos, se escapará da ilha ou se deixará de ser apenas um observador. Sendo assim, podemos dizer que a narrativa por si só já torna o livro interessante de se ler, mas além da superfície nos envolvemos em uma reflexão filosófica sobre a ética científica, behaviorismo, crueldade, progresso e identidade humana até o impactante desfecho da obra.

resenha livro A Ilha do Dr. Moreau


A Ilha Do Dr. Moreau sintetiza todos os elementos que encontramos nas outras obras de H.G.Wells: ficção científica de qualidade permeada de questionamentos filosóficos, abordando temas como sociedade e comunidade, natureza e moralidade. Pessoalmente, achei a leitura tensa e até mesmo desconfortável, mas é justamente a capacidade de envolver o leitor no contexto da obra que faz de A Ilha do Dr. Moreau um livro tão genial.

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Book Challenge #10: The Trial


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O termo Kafkiano é designado para uma situação absurda e indesejada, que enquanto perdura mantém o indivíduo em um estado de perplexidade a ponto de confundir o real com a ficção, de tão irreal que é a situação na qual foi inserido. Tal expressão é oriunda dos romances e contos de Franz Kafka, como A Metamorfose e O Processo (The Trial), livro resenhado no #Book Challenge de hoje.

resenha O Processo Kafka
Título: The Trial (O Processo)
Autora: Franz Kafka
Editora: Roads Classic Edition
Páginas: 240 páginas
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Josef K. é um cidadão exemplar, funcionário de um famoso banco, tendo ascendido na carreira por sua dedicação e responsabilidade. Na manhã do seu aniversário de 30 anos, K. foi detido em seu próprio quarto, acusado de um crime que não cometeu, mas sem que os guardas soubessem informar qual crime teria cometido. A situação é tão surreal que a princípio K. julgou ser uma brincadeira, mas ao ser interrogado pelo inspetor (um homem rude e agressivo, que também não soube informar por que K. estava sendo acusado), teve certeza de sua detenção. Assim, K. foi submetido a um longo e obscuro processo, sem que em momento algum tenha sido esclarecido sobre as acusações ou pudesse ter exercido seu direito ao contraditório, seu direito de defesa, buscando até o final explicações.

resenha O Processo Kafka


Seja pelo livro não ter sido finalizado por Kafka ou pelo desnorteamento e confusão característicos da obra do autor, O Processo tem uma atmosférica complicada e labiríntica, quase onírica diante dos absurdos das situações vivenciadas por K, visto que o “devido processo legal” é totalmente ignorado. K é refém de um sistema jurídico arcaico e em momento algum tem acesso ao seu processo, sabe quem o denunciou ou o porquê da acusação, recorrendo tanto às autoridades quanto pessoas que trabalhavam no tribunal, mas sem ter real contato com o judiciário, por sua vez repleto de processos e fisicamente bagunçado, quase um cortiço. Seu advogado (enfermo, sem sair da cama) não lhe dava atenção e todos os acusadores e testemunhas tinham atitudes duvidosas, restando apenas um pintor para explicar que não, ele não sabia por que K. estava sendo processado e que provavelmente K. nunca saberia.

O Processo apresenta uma crítica óbvia ao sistema judicial no que tange à negação do estado de direito, burocracia e incomunicabilidade da justiça, temas presentes à época em que a obra foi escrita e que podem ser transpassados até para os dias de hoje, quando buscamos uma solução para um problema (seja jurídico ou não) e vamos de um lado para o outro, sem saber a quem recorrer. Ao mesmo tempo, devido ao surrealismo da obra, O Processo está sujeito a várias interpretações, porquanto estamos constantemente sujeitos às incertezas da vida, não apenas diante das autoridades, mas em relação a nossas crenças, escolhas e vulnerabilidade humana. Seria o mundo um tribunal, estando os humanos alienados e controlados pelo sistema doutrinador a qual estamos inseridos, nossa sociedade?

resenha O Processo Kafka


O Processo é uma obra que suscita questionamentos se “a justiça é para todos” tal como aplicada e também sobre o longo processo que é a vida, que iniciamos sabe-se lá por que e ninguém nos explica o sentido. Não apenas a abordagem ‘crua’ do judiciário suscita grandes reflexões sendo interessante por si só, mas as diferentes interpretações filosóficas fazem de O Processo um dos melhores livros do século XX.

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Book Challenge #9: The Beautiful and Damned


sábado, 27 de dezembro de 2014

"A classic," suggested Anthony, "is a successful book that has survived the reaction of the next period or generation. Then it's safe, like a style in architecture or furniture. It's acquired a picturesque dignity to take the place of its fashion...."

A citação acima, sugerindo que um clássico é um “livro que sobreviveu à reação da próxima geração”, bem se aplica a todos os livros de F. Scott. Fitzgerald, representante da “geração perdida” e um dos maiores autores do século XX. Neste nono #Book Challenge, escolhi o intenso The Beautiful and Damned, retrato dessa geração e do próprio autor.

resenha livro Belos e Malditos
Título: The Beautiful and Damned (Belos e Malditos)
Autora: F. Scott. Fitzgerald
Editora: Collector's Library
Páginas: 496 páginas
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The Beautiful and Damned (Belos e Malditos) é um livro dividido em três partes (“The Pleasant Absurdity of Things”, “The Romantic Bitterness of Things” e “The Ironic Tragedy of Things”) descrevendo a vida do casal Anthony Patch e Gloria desde que se conheceram, quando ele tinha vinte e cinco anos, até os trinta e três. Neste período, é retratado o casamento dos protagonistas, o forte romance inicial, as festas extravagantes, os conflitos fúteis, os problemas financeiros, o alcoolismo e a decadência, em uma fascinante narrativa.

resenha livro Belos e Malditos


Nunca houve um título tão apropriado para uma obra. Os personagens iniciam a obra com uma boa vida, um romance intenso e um mundo de oportunidades pela frente, mas a falta de determinação e a futilidade que experimentam resultam no completo declínio dos personagens. No início, Anthony era um estudante de Harvard inteligente e educado, mas por considerar-se acima dos demais e confiar cegamente em si mesmo, nunca quis trabalhar e apenas fez gastar o dinheiro do seu avô. Quanto a Gloria, moça fútil cuja única qualidade era a estonteante beleza, esta foi roubada pela idade, de modo que a moça não pode realizar o “sonho” de ser atriz.

"Blowing bubbles -that's what we're doing, Anthony and me. And we blew such beautiful ones today, and they'll explode and then we'll blow more and more, I guess - bubbles just as big and just as beautiful, until all the soap and water is used up."


É interessante ver como Fitzgerald constrói e desconstrói os personagens em todos os aspectos. Por mais fúteis que Anthony e Gloria sejam, nos interessamos por aquele relacionamento e pelos diálogos dos personagens, para depois nos decepcionarmos com as discussões, mas surpreendentemente, não estranharmos o comportamento impulsivo e mesquinho tomados, porque já estamos envoltos naquele universo. É incrível como personagens tão egoístas, gananciosos, inúteis e até mesmo perversos podem nos gerar alguma compaixão.

resenha livro Belos e Malditos


Belos e Malditos é mais que um simples romance ou o retrato, talvez, do próprio Scott e Zelda Fitzgerald: é uma obra profunda que nos faz refletir sobre a influência da ganância, do excesso e do descontrole em nossas vidas, seja nas relações familiares, num âmbito profissional, financeiro, em todas as esferas. Quando iniciei a leitura, o fiz apenas pelo estigma positivo de Fitzgerald, mas encontrei uma obra tão intensa quanto O Grande Gatsby, só que com um curioso sabor agridoce.

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Book Challenge #8: The Invisible Man


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Quando falamos de ficção científica, certamente um dos escritores mais significativos é H. G. Wells, autor dos clássicos Guerra dos Mundos e Máquina do Tempo, resenhado aqui no blog. Me interessei tanto pela temática do autor que não resisti em seguir a recomendação do Maldito Vivant e ler The Invisible Man, de 1897.

resenha livro Homem Invisível
Título: The Invisible Man (O Homem Invisível)
Autor: H.G Wells
Editora: Penguin Random House
Páginas: 208 páginas
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The Invisible Man (O Homem Invisível) começa com a estranha chegada de um homem totalmente encoberto em uma pousada de Iping, durante uma tempestade de neve. Vestido com um casaco longo, mangas, chapéu, um falso nariz e o rosto coberto de faixas, o estranho gera desconfiança nos habitantes do local, tanto pela sua incerta aparência como pelo seu humor instável, antipático e hábitos de reclusão, já que não gosta de ser incomodado e passa o dia inteiro fazendo experimentos químicos. Quando um roubo ocorre, é revelada ao vilarejo sua invisibilidade e o Homem Invisível, Griffin, foge e procura aliados para continuar com seus experimentos e aproveitar sua situação.

resenha livro Homem Invisível


Narrado em terceira pessoa, The Invisible Man possui uma história simples, mas bem trabalhada, visto que ao longo do livro algumas cenas de ação envolvem o protagonista e apenas após vários capítulos descobrimos quem ele é e como se tornou invisível, de forma que predomina o clima de mistério. Por esse motivo, a trama flui continuamente e é uma leitura rápida e interessante, que nos prende até a última página.

resenha livro Homem Invisível


Em The Invisible Man, mais uma vez nos admiramos com a capacidade de H.G. Wells de escrever uma ficção científica de qualidade, mas não alheia às críticas sociais. No livro, não é apenas apresentado “um homem invisível”, mas explicado a fórmula da invisibilidade e como ela funciona através da refração da luz. Quanto aos aspectos sociais, é interessante vermos a “transformação” pela qual passa Griffin ao analisar as vantagens e desvantagens da sua invisibilidade, assim como a reação da sociedade em diferentes passagens da história, no início agindo com desconfiança e depois se aproveitando daquela situação.

resenha livro Homem Invisível


The Invisible Man é a obra-prima de H.G. Wells e um dos livros mais impactantes na ficção científica, retratado várias vezes por diversas mídias diferentes. É um livro bem escrito e com uma temática simples, porém envolvente, que atiça nossa curiosidade no que tange ao aspecto científico da história e nos faz refletir sobre o preconceito com o diferente e como o meio ou uma simples oportunidade pode mudar os objetivos e personalidade de uma pessoa, já que apesar das desvantagens, a invisibilidade dá poder.

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Book Challenge #7: The Strange Case of Dr. Jekyll & Mr. Hyde


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Na Inglaterra, frequentemente é utilizado o termo “Jekyll e Hyde” para retratar uma pessoa de súbitas mudanças no humor. Essa expressão vem dos mesmos personagens que inspiraram Hulk, Duas Caras e outras várias retratações de personalidades múltiplas na arte, vinda de uma obra de significativa repercussão e importância: ‘The Strange Case of Dr. Jekyll & Mr. Hyde’, cujo título traduzido é ‘O Médico e o Monstro’.

resenha livro O Médico e o Monstro
Título: The Strange Case of Dr. Jekyll & Mr. Hyde (O Médico e o Monstro)
Autor: Robert Louis Stevenson
Editora: World Cloud Classics
Páginas: 304 páginas
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“The Strange Case of Dr. Jekyll & Mr. Hyde” é um livro de 1886 escrito por Robert Louis Stevenson retratando o fenômeno de múltiplas personalidades ou, melhor dizendo, o dualismo humano. Na obra, o advogado Gabriel John Utterson é surpreendido quando seu cliente, Dr. Jekyll, refaz seu testamento tornando o misterioso Mr. Hyde como seu beneficiário. Mr. Hyde é uma pessoa de aparência sombria e personalidade cruel e violenta, de modo que, após o assassinato de um homem e a reclusão total do Dr. Jekyll em seu laboratório, os personagens passam a investigar a estranha conexão entre Dr. Jekyll e Mr. Hyde.

resenha livro O Médico e o Monstro


O livro tem um final impactante e através de uma carta, descobrimos como e porquê Dr. Jekyll entrou naquela situação, de modo que além de apresentar a história em si, O Médico e o Monstro propõe uma reflexão acerca da dualidade humana. No mesmo personagem, uma personalidade boa é separada dos impulsos mais sombrios e cruéis, visto que Mr. Hyde é um ser sem escrúpulos e, talvez, o personagem se sinta à vontade deste modo. Assim, podemos interpretar a história como uma batalha íntima do bem contra o mal, do consciente e do subconsciente, do humano e do animalesco e ainda, observar que Dr. Jekyll não é exatamente uma boa pessoa e que há muito mais de duas ‘personalidades’ habitando o nosso ser, como é o entendimento de Vladimir Nabokov.

resenha livro O Médico e o Monstro


“The Strange Case of Dr. Jekyll & Mr. Hyde” é um livro bem escrito e interessante, um clássico gótico muito aclamado durante a Era Vitoriana até os dias de hoje. Não só as diversas interpretações propõe uma reflexão importante, mas como história O Médico e O Monstro tem uma trama bem desenvolvida e suficiente em si mesma, misturando ficção científica e terror em uma ótima obra.

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Book Challenge #6: Treasure Island


terça-feira, 14 de outubro de 2014



Ainda que representações mais modernas tenham surgido, faz parte do imaginário popular a aparência de um pirata: papagaio no ombro, tapa-olho, perna de pau e a eterna busca pelo tesouro assinalado ao mapa com um “x”. O que nem todos sabem é que isso iniciou com o clássico “The Treasure Island” (A Ilha do Tesouro), livro de Robert Louis Stevenson que será resenhado neste sexto “Book Challenge”.



“The Treasure Island” é um clássico livro infanto-juvenil em que o jovem Jim Hawkins, que mora e trabalha na Hospedaria Almirante Benbow em uma pacata cidade ao sul da Inglaterra, encontra o mapa do Capitão Flint e parte com Trelawney, Dr. Livesey, Capitão Smollet e o carismático e extravagante cozinheiro John Long Silver em busca de um tesouro. No entanto, as coisas não são o que parecem ser, e a aventura torna-se perigosa e inquietante a partir do momento em que se descobre que piratas tomaram a nave.



Voltada para um público mais jovem, a história é bastante envolvente e nos surpreende a cada capítulo, visto que a cada página novos acontecimentos são relatados e lemos mais e mais curiosos para saber o destino da história. Somado a isso, vivenciamos a aventura com a mesma intensidade do narrador Jim Hawkins, criamos empatia pelos personagens e, principalmente, pelo impressivo “cozinheiro” John Long Silver, que apesar de ser muito simpático com Jim, é a personificação da ganância e impulsividade.



Mesmo que “The Treasure Island” seja um livro rápido e fácil de ler (mesmo em inglês!), constantemente é aclamado como uma das melhores narrativas do idioma e sem sombras de dúvida uma das mais influentes, não só pelos elementos que se eternizaram nas histórias de piratas como por incentivar os jovens a ler, da mesma forma que Harry Potter fez para minha geração. Trazendo também uma reflexão moral sobre dinheiro e ambição, o livro mistura toda a ação e imprudências da pirataria em um “sonho de criança”, que é vivenciar uma grande aventura.

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Book Challenge #5: Persuasion


sábado, 20 de setembro de 2014



Todo leitor já teve curiosidade em ler uma obra da aclamada Jane Austen, ou ao menos já teve a oportunidade de conferir a versão cinematográfica de Mr. Darcy. Sendo assim, depois de muito me exibir com minha amada coleção da Collector’s Library, finalmente li Persuasion (Persuasão), de Jane Austen, para o quinto #BookChallenge deste blog.



O livro conta a história de Anne Elliot e suas relações familiares e sociais na pacata cidade Bath. Ainda jovem, Anne Elliot apaixona-se pelo inteligente e confiante Frederick Wentworth e planeja casar-se com ele, mas o noivado é rompido porque a viúva Lady Russel a convence de que não há vantagens em se casar com um homem pobre e sem conexões importantes. Com 27 anos de idade, quando as irmãs já estão casadas e Walter Elliot alugou parte da propriedade ao Almirante Croff, cunhado de Wentworth, Anne reencontra o ex-noivo e percebe que ainda o ama, mas Wentworth, agora oficial da marinha, está interessado na sua concunhada Louisa Musgrove, fazendo Anne lidar com a convivência e reconhecer seus sentimentos.



Persuasion é um romance curto e simples que retrata a vida social dos habitantes de Bath, com todas as virtudes e futilidades, refletindo também como o elemento “persuasão” movimenta as escolhas da protagonista e a vida em sociedade, nos seus diversos níveis. Também é abordado como tema ‘dinheiro’ e ‘amor’ e, diferentemente dos outros romances de Jane Austen, encontramos um protagonista que ascende não por herança, mas por mérito, na Marinha Real. Na história, Wentwroth e a Marinha Real simbolizam a possibilidade de uma nova vida mais significativa para Anne, até então infeliz em Bath.



Não sei se isso prejudica minha visão ou é apenas um indício de que não foi uma leitura tão prazerosa assim, mas o fato é que não me envolvi completamente com o livro. Quando gosto de uma história, leio quase sem interrupções. Quando estou sem tempo, mas é um livro muito bom e envolvente (caso de Os Miseráveis e Anna Karenina), mantenho a história na minha cabeça, me apego aos personagens e releio os trechos para me lembrar do livro – e tenho prazer com isso. Com Persuasão não tive esse apego, esse envolvimento com a história e seus personagens, lendo mais pela obrigação de terminar do que para saber o que aconteceria a seguir. O peso de ser uma obra de Jane Austen também me fez criar várias expectativas.



Não estou dizendo que o livro é ruim, mas talvez sua narrativa arrastada e o fato de ter lido em inglês tenha dificultado a leitura, até porque na superfície é apenas mais uma história de amor. No entanto, é de se reconhecer a importância de Jane Austen e o significado do livro por ser uma obra póstuma, seu primeiro romance apresentando uma mulher de mais idade (27 anos!) e, pelo menos por algum segundo, sair da burguesia representada. No final, todas as críticas quanto a superficialidade ou papel da mulher e demais personagens são provocadas pelo fiel retrato que Persuasion fez da época, mas acrescentando redenção e amor.



Talvez por não ter lido as outras obras da Jane Austen, não tive uma experiência plena com a leitura de Persuasion. Entretanto, ainda que não tenha me conquistado, reconheço que é um livro bem escrito que certamente me influenciará a ler outras obras da autora, que talvez correspondam as minhas expectativas.

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Book Challenge #4: The Time Machine


quinta-feira, 19 de junho de 2014



Oi gente! Para nossa quarta edição do #Book Challenge, resolvi ler um clássico da ficção científica que versa sobre um dos assuntos mais interessante e mais abordado por esse gênero: viagem no tempo. O livro em questão é The Time Machine (A Máquina do Tempo), de H. G. Wells.



Escrito em 1895, The Time Machine começa com “O Viajante do Tempo” explicando como consegue se locomover através do tempo utilizando sua máquina, capaz de transportar uma pessoa pela Quarta Dimensão. Para experimentar a máquina, ele vai para o ano 802.701 D.C, em que convive com os pacíficos, frágeis e harmoniosos Elóis, uma raça descendente dos humanos que vive aparentemente sem preocupações em pequenas comunidades. Quando a máquina do tempo é roubada, o Viajante do Tempo conhece a outra face da evolução da humanidade: os Morlocks, criaturas noturnas e agressivas, que vivem no subterrâneo e são predadores dos Elóis.



O Viajante do Tempo conclui que os Elóis e os Morlocks descendem de diferentes classes sociais, havendo diferenças na estrutura do trabalho visto que os Elóis não trabalham e são tratados pelos Morlocks como gado, posteriormente servindo de alimentos para este. No livro, o protagonista cria uma afinidade com a Elói Weena, querendo levá-la para seu próprio tempo. Sendo assim, The Time Machine tem uma história interessante, é inovador e rápido de ler, podendo ser lido em apenas um dia.



The Time Machine foi o primeiro livro com a temática de viagem no tempo aplicada por uma máquina e deu origem a dois filmes homônimos, um dirigido por George Pal em 1960 e outra versão de Gore Verbinski e Simon Wells em 2002, que acrescenta novos elementos. É um livro simples e interessante, que ganha créditos por ser um dos pioneiros nesse gênero.

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Book Challenge #3: The Secret Adversary


quinta-feira, 15 de maio de 2014



Com as provas se aproximando, fica cada vez mais difícil encontrar um tempo para ler (ainda mais em inglês!), mas finalmente vim atualizar a sessão Book Challenge com a resenha de um livro escrito por uma das minhas autoras prediletas: The Secret Adversary (O Inimigo Secreto), da Agatha Christie.



The Secret Adversary é o primeiro livro da autora a nos apresentar a dupla de detetives amadores Tommy e Tuppence, que aparecem em outras quatro obras. No início da história, Tommy e Tuppence estão desempregados e em busca de novas emoções, quando por acaso um homem misterioso os contrata para encontrar Jane Finn, uma menina desaparecida desde a primeira guerra mundial, junto de importantes documentos que comprometem a Inglaterra e outros aliados. Entrando no caso quase por brincadeira, os dois começam a ser perseguidos e se envolvem numa verdadeira aventura, emocionante, porém perigosa.



Diferente dos outros livros da autora, The Secret Adversary possui muita ação e distancia-se da essência das ‘histórias de detetive’, ou pelo menos, das que apresentam a investigação e reflexão das chamadas células cinzentas de Poirot. Nessa história, há vários perigosos, raptos, assassinatos e outros elementos de “filmes” de ação, tornando a narrativa bastante dinâmica e com vários acontecimentos importantes em cada capítulo.

O dinamismo da história infelizmente prejudica em muito um dos aspectos que eu mais gosto da Agatha Christie: a possibilidade de participar e tentar solucionar o mistério. Enquanto na maioria das histórias refletimos para tentar descobrir quem é o assassino, nessa somos apenas espectadores, lendo sobre uma aventura, mas não participando dela. Talvez seja por esse motivo que eu demorei tanto para ler o livro, que na verdade é relativamente curto e pode ser lido em pouquíssimo tempo.





The Secret Adversary tem uma história rápida e divertida, não tendo potencial para ser um livro marcante ou algo do tipo, mas cumprindo bem seu papel de entreter. Tanto Tuppence quanto Tommmy são personagens carismáticos e fáceis de se identificar, mas é certo que os casos adquirem uma atmosfera mais interessante quando tratados por um certo detetive belga.

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Book Challenge #2: Dracula


segunda-feira, 31 de março de 2014



Oi pessoal! Com um pequeno atraso, cá estou com a resenha do segundo livro do #book challenge e com uma ótima recomendação para os fãs de literatura gótica, Era Vitoriana e bons livros como eu. Estou falando de um dos livros mais influentes de todos os tempos, e com certeza a melhor história de vampiro já escrita: Dracula, de Bram Stoker.



Narrado por meio de cartas, o livro começa com o jovem John Harker indo à Transilvânia para tratar da aquisição de terras da Inglaterra com um cliente, hospedando-se no seu castelo e convivendo algum tempo com ele. Com o passar dos dias, Harker percebe que seu anfitrião não é apenas excêntrico, mas alguém assustador e perverso. Trata-se do Conde Dracula, um vampiro muito antigo e poderoso que mantém Harker como prisioneiro.

Ainda que Harker escape em determinado momento e encontre-se com sua noiva, Mina, o medo do vampiro ainda aterroriza os dois, com acontecimentos estranhos envolvendo lobisomens, morcegos e a curiosa doença da amiga de Mina, enfermiça com uma enorme palidez e duas marcas de presa no pescoço. Dracula está pela Inglaterra, e cabe a John Seward, Quincey Morris, Arthur Holmwood e o famoso Dr. Abraham Van Helsing matar o vampiro.



Mesmo que eu tenha lido em inglês, percebe-se que o livro é muito bem escrito e o formato epistolar auxílio na leitura, apesar das palavras desconhecidas. A história é envolvente e a cada capítulo conhecemos um pouco mais do Conde Dracula, o que nos mantém intrigados e fascinados ao mesmo tempo. Queremos ler cada vez mais e mais, até chegarmos a um ótimo e adequado desfecho para esta macabra narrativa.



Desde o século XX, Dracula tem dado origem a diversas adaptações e até hoje está presente não só em filmes, seriados, jogos e músicas, mas no imaginário popular quando pensamos no que vem a ser um vampiro. Quem gosta de histórias de terror não pode deixar de ler esse ótimo expoente da literatura gótica: Dracula é uma obra romântica que nos encanta com todo o seu fascínio e mistério.

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Book Challenge #1: The Adventures of Sherlock Holmes


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014



Há alguns meses atrás, apresentei toda orgulhosa minha coleção da Collector’s Library e acabou que não li nenhum livro dela ano passado! Para melhorar meu inglês e ler os títulos que comprei, comecei um book challenge em que leria um livro por mês. O escolhido de janeiro foi The Adventures of Sherlock Holmes, e vou contar um pouquinho do livro para vocês!



The Adventures of Sherlock Holmes (As Aventuras de Sherlock Holmes) é uma coletânea de doze contos protagonizados pelo famoso detetive, escritos por Sir Conan Doyle e publicados em 1892. São pequenas histórias em que o Dr. Watson narra grandes e pequenos casos ao lado do detetive, envolvendo ruivos, gansos, chantagem, desaparecimentos e até assassinatos.

A minha experiência anterior com Sherlock Holmes não foi muito boa porque acho meio chato como ele descobre tudo “do nada”: não acompanhamos uma investigação, mas apenas o resultado dela (certo, também ouvimos os clientes falarem e sabemos que o personagem encontrou um papel com algumas letras em determinados casos). Na verdade, essa impressão se manteve nesta nova leitura, mas ainda assim, achei os casos interessantes e o livro mais atrativo porque agora imagino o Robert Downey Jr. e o Jude Law hehehe.



Quanto ao livro ser em inglês, tem várias palavras complicadas, mas achei possível entender tudo pelo contexto (qualquer coisa, nada que um dicionário não resolva). Para quem não tem muito domínio, acho interessante um livro de contos porque são histórias curtinhas e fáceis de acompanhar. Também acho que essa leitura é importante justamente para entrar em contato com a língua, para que um dia seja possível ler sem dificuldades.

Sherlock Holmes pode ser considerado o maior detetive do mundo e não posso dizer que Sir Arthur Conan Doyle não é um grande escritor, mas para quem gosta de histórias de detetive, recomendo muito mais Agatha Christie. Pena que não tem nenhum livro dela na Collector’s Library, porque já estou escolhendo um próximo livro para ler!

Beijos, Vickawaii

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